Bandeiras
Por Sandra da Silva Kucera
Bandeiras sāo símbolos poderosos.
Basta perguntar sobre o orgulho que sente a porta-bandeira da escola de samba, ao aluno no desfile do Dia da Pátria encarregado de conduzir a bandeira da sua instituição, ou ao atleta olímpico que porta a bandeira do seu país no desfile das nações.
Por esta razão é preciso ter cuidado ao escolher quais vamos erguer e a que altura.
Muitas vezes, desavisados e empolgados com alguma ideia que nos anima e aquece o coração, tomamos da bandeira que representa essa “causa” com tamanha avidez que deixamos de perceber a forma como passamos a utilizá-la.
Inserimos a “causa” em contextos inadequados, trazemos nosso estandarte onde não se trata daquele tema, numa demonstração de que talvez nos tenhamos desconectado da realidade, da sensibilidade, perdido um pouco o tato, a medida… Tudo passa a ser sobre a questão que elegemos, agora tema central das nossas vidas.
“Onde está teu tesouro, ali está teu coração.”
Nos afastamos de outros temas que, embora caros às nossas almas, se esvanecem e, quando ressurgem, se vêem revestidos das “novas cores”.
Flertamos com o fascínio e, sem perceber, passamos a servir aqueles que engendram as “novas ideias”. Nos tornamos contingente, número, massa de manobra.
Não por outro motivo há uma ordem de posição e altura para enfileirar mastros lado a lado, cada qual com seu pendão. A mais alta e central deve ser a que abriga a todos, na qual todos repousam e são acolhidos. As demais tem seu valor relativo, pois falam de esferas menores, que não representam todo o contingente, e isso precisa ficar evidente, notório.
Quando erguemos alto demais qualquer bandeira particularista, estamos, em verdade, segregando a tropa, invertendo valores.
As organizações humanas se abrigam sobre seus estandartes, as nações sob seus pendões, mas é sempre preciso lembrar que a proposta do Cristo constitui-se de “um só rebanho, de um só pastor”, e já rezava antes dele a escritura: “O Senhor é minha bandeira”.