Por uma sociedade apta a defender a liberdade, preservar sua história e construir um futuro digno, íntegro e próspero.

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Por uma sociedade apta a defender a liberdade, preservar sua história e construir um futuro digno, íntegro e próspero.

BREVE REFLEXÃO SOBRE OS POVOS INDÍGENAS – Por Sandra Kucera

O dia dezenove de abril sempre foi conhecido como o Dia do Índio. Lembro da minha infância quando chegava esse dia e, na escola, preparávamos cocares, fazíamos desenhos alusivos à data, recebíamos textos para leitura, muitas vezes pintávamos os rostos e éramos lembrados pelos professores que os índios foram os primeiros habitantes da nossa terra e eram credores do nosso mais profundo respeito.

O tempo passou e muita coisa mudou. Não somente a celebração nas escolas tornou-se mais tímida como a própria referência aos povos, que passaram a ser chamados “povos originários” e, a data, “Dia dos Povos Indígenas”.

Parece-me que crescemos em palavras e diminuímos em estatura moral. Parece-me que demonstrar virtude passou a ser mais importante que as construir e efetivamente vivê-las.

A preservação dos povos indígenas, sua cultura e costumes, passou a ser sinônimo de mantê-los afastados da sociedade, exatamente como viviam 500 anos atrás. Toda uma indústria de ONGs e ativistas, brasileiros e estrangeiros, assim como políticos e autoridades multiplicam-se e revezam-se na defesa dessa posição de insulamento que tem rendido verdadeiras fortunas em verbas públicas para que se mantenham operantes nesse esforço recoberto de boas intenções elogiadas pela imprensa, de um modo geral. Ainda que “preservar sua cultura e costumes” represente, muitas vezes, a manutenção de práticas como a cultura da morte, presente ainda em muitos povos indígenas, onde especialmente as crianças são vítimas de práticas cruéis como mostra, por exemplo, o documentário “Kanani, eu sobrevivi”, produzido pelo cineasta João Luiz Santolin que tem dedicado sua vida à causa indígena, não para determinar sobre eles, mas para ouvir, acolher, entender e, através do trabalho da divulgação, promover o verdadeiro bem-estar e facultar o progresso a essas comunidades.

O destino de todo homem é o seu desenvolvimento, independentemente da sua origem.

A partir do momento que a convivência entre os povos se estreitou, em plena era digital, a permuta dos avanços e descobertas científicas que tem tornado a vida do homem mais fácil e longeva tornou-se algo quase instantâneo e desejável. Se isso ocorre entre continentes como impedir que aconteça dentro de um mesmo território nacional? Como acreditar que manter alguns povos apartados do progresso material lhes pode ser algo saudável e mesmo desejável?

Talvez a resposta não tenha relação com o interesse pelos povos indígenas, mas no que a demonstração por esse interesse possa render a alguns setores da sociedade “civilizada”.

Há tempos os indígenas têm sido usados como meros agentes para conquista ou manutenção do poder político ou a serviço de interesses econômicos nacionais e internacionais. Bandeiras sobre demarcação de terras, preservação da cultura e mesmo a situação penosa pela qual atravessa o povo yanomami hoje, são o pano de fundo para manter os povos indígenas à margem do progresso e dependentes das benesses do Estado.

A integração e participação ativa na sociedade não exige a aniquilação da cultura dos povos, excetuando-se a barbárie, basta ver nosso país continental e a riqueza multicultural de cada uma das suas regiões e mesmo suas nuances e variações dentro de cada uma delas.

Quando o índio esclarecido e independente sai da sua aldeia e passa a expressar seu pensamento de forma livre como prevê a Constituição Federal do Brasil, corre o risco de ser privado da liberdade que supunha ter e das prerrogativas de defesa que seus benfeitores lhe fizeram acreditar possuir.

Indígenas, como qualquer outro cidadão brasileiro, têm o direito à plena cidadania, o que inclui a expressão livre e não tutelada dos seus anseios e perspectivas, inclusive políticas.

Que Deus abençoe todos os povos indígenas da grande nação brasileira.

6 thoughts on “BREVE REFLEXÃO SOBRE OS POVOS INDÍGENAS – Por Sandra Kucera

  1. Por que os indígenas tem que ser privados de sua cidadania e dos avanços tecnológicos que geram melhor qualidade de vida? Cada vez mais isolados num mundo em era digital… Seria um grande interesse em suas ricas terras e regiões onde moram? Essa cultura de manter o índio como há 500 anos atrás para seu próprio bem já não cola mais.

  2. Obrigado Sandra pela coragem de nos lembrar de verdades que parecem estar esquecidas em meio a tanta fumaça, produzida por aqueles que querem manter os nossos ancestrais indigenas, a margem da sociedade civilizada dos seus direitos e também deveres.
    Muito apropriado quando você nos lembra que pela extensão do nosso país continuamos a preservar culturas e costumes tão distintos entre regiões, sem deixar de sermos uma mesma nação.
    Como se os indigenas não tivessem a capacidade de preservar sua cultura baseada nos direitos e deveres civis da nossa sociedade.
    Parabéns!!!

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