A liberdade se perde aos poucos
Por Guilherme Azevedo
O clássico e premiado filme “A LISTA DE SCHINDLER”, dirigido por Steven Spielberg, retrata a história do empresário alemão Oskar Schindler que, durante a segunda grande guerra, conseguiu salvar 1.100 judeus ao emprega-los em sua fábrica; e mostra, ainda, todo o sofrimento do povo judeu vítima do genocídio promovido pelos nazistas.
Em 1939, logo após conquistar a Polônia, os Alemães orientaram os judeus do país a se identificarem aos representantes alemães. Assim, foram identificados com a estrela de Davi em suas roupas e seus endereços devidamente anotados.
Nesse episódio, os judeus se assustaram, estranharam, alguns reclamaram, mas, após tal registro, acharam que o constrangimento já tinha passado. No entanto, nos anos seguintes, os avanços sobre suas liberdades continuaram.
Os alemães começaram a retirar os judeus de suas residências e enviá-los a guetos, cercados, isolados dos alemães e dos poloneses; perderam a liberdade de ter propriedade privada; foram alojados aos montes em apartamentos pequenos, sem privacidade, sem nenhum conforto.
Assim, os judeus se assustaram ainda mais, reclamaram, mas pensaram que, ao menos, eles estavam juntos e não precisariam conviver com seus conquistadores alemães; alguns ponderaram que o pior já tinha passado.
Então, os alemães começaram a identificar e registrar as habilidades profissionais dos judeus; aqueles que tinham alguma experiência na indústria recebiam um cartão que os identificava como trabalhador de ATIVIDADE ESSENCIAL, os demais eram considerados como mão de obra NÃO ESSENCIAL. Foi marcante a cena que retratou o espanto de um professor de história que, ao se identificar como tal, foi considerado como atividade não essencial.
Todos os judeus que tinham habilidades classificadas como essenciais foram enviados para trabalhar nas fábricas produzindo armas e outros utensílios para o exército alemão; então se iniciou o expurgo dos demais judeus considerados “não essenciais”.
Nesse momento, alguns pobres judeus que foram trabalhar nas fábricas como escravos se sentiram aliviados e comentaram, esperançosos, que não tinha como piorar.
O resto dessa trágica história conta como Schindler conseguiu salvar 1.100 judeus, porém, mostra-nos, especialmente, como a maldade humana parece não ter limites.
Esse filme é uma obra-prima que registra uma das histórias mais tristes da humanidade. Além disso, alerta-nos que não podemos ser negligentes com as ameaças e avanços autoritários sobre nossas liberdades fundamentais. Precisamos lutar por elas sempre, a cada geração. A sanha autoritária dos homens sempre estará presente. A liberdade de um povo se perde em fatias; quando menos se espera, acordamos escravizados. Não podemos nos deixar ser sapos sendo cozidos lentamente.
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