Por uma sociedade apta a defender a liberdade, preservar sua história e construir um futuro digno, íntegro e próspero.

Instituto Civitas

Por uma sociedade apta a defender a liberdade, preservar sua história e construir um futuro digno, íntegro e próspero.

INDEPENDÊNCIA, LIBERDADE, DEMOCRACIA – OU MORTE! – Por Sérgio Pinto MONTEIRO*

No Brasil, a data de 7 de Setembro de 1822 registra a Declaração de Independência
do país ao Império Português. O Grito do Ipiranga, real ou simbólico, representa,
sobretudo, a força de um povo cujo sentimento nativista surgiu quase duzentos anos
antes, a partir dos combates que culminaram com a expulsão do invasor holandês no
século XVII, primeiro na Bahia e, logo depois, em Pernambuco. No manifesto
denominado Compromisso Imortal, de 23 de Maio de 1645, em que, pela primeira vez
em documento foi usada a palavra PÁTRIA, brancos, negros e índios, unidos,
reafirmaram o seu inabalável propósito de vencer os invasores, o que culminou com as
sucessivas vitórias nos combates dos Montes Guararapes, a última delas em 1649,
origem gloriosa do Exército Brasileiro.

Na madrugada daquele 7 de Setembro, o jovem Príncipe Regente D. Pedro, 23
anos, em escala de viagem a São Paulo, partiu de Santos onde fora vistoriar as seis
fortalezas da região, acompanhado, além de uma pequena guarda de honra, do seu
“secretário” Luís Saldanha da Gama, do fiel escudeiro Chalaça (Francisco Gomes da
Silva), do Coronel Marcondes, do amigo padre Belchior – sobrinho de José Bonifácio – e
dos serviçais João Carvalho e João Carlota. No final da manhã, ao subir uma colina
íngreme e sinuosa conhecida como Calçada do Lorena, a caravana foi interceptada por
dois emissários vindos do Rio de Janeiro. O Major Antônio Cordeiro e o oficial da Corte
Paulo Bregaro traziam mensagens urgentes de D. Leopoldina e do ministro José
Bonifácio. As cortes portuguesas haviam emitidos decretos reduzindo drasticamente
os poderes e atribuições de D. Pedro, sinalizando que iriam destituí-lo da condição de
Príncipe Regente. As mensagens da esposa e do ministro eram contundentes,
estimulando D. Pedro a se rebelar contra essas decisões. Bonifácio, ao mencionar que
uma esquadra partira de Lisboa para subjugar os brasileiros rebelados, enfático,
escreveu: “Senhor, o dado está lançado e de Portugal não temos a esperar senão
escravidão e horrores”. D. Leopoldina, inconformada, assinalava: “Senhor, o pomo está
maduro, colhe-o já!” O que aconteceu em seguida, historicamente retratado no
famoso quadro de Pedro Américo, na versão narrada pela testemunha ocular padre
Belchior, em seu relato escrito em 1826, não teria havido o famoso Grito. Já outra
testemunha, o tenente Canto e Melo, muitos anos depois, afirma que D. Pedro, após a
leitura das mensagens, teve “um momento de reflexão”, seguindo-se a fala ríspida “É
tempo! Independência ou Morte”. Uma terceira testemunha, o Coronel Marcondes –
que não estava na colina do Ipiranga – se encontrava, com parte da guarda, numa
venda próxima do córrego, a chamada “Casa do Grito”, relata que, de repente, o vigia
anunciou a aproximação de D. Pedro:

“Compreendi o que aquilo queria dizer e, imediatamente, mandei formar a guarda
para receber D. Pedro, que devia entrar na cidade entre duas alas. Mas tão apressado
vinha o príncipe, que chegou antes que alguns soldados tivessem tempo de alcançar as
selas. Havia de ser quatro horas da tarde, mais ou menos. Vinha o príncipe na frente.
Vendo-o voltar-se para o nosso lado, saímos ao seu encontro. Diante da guarda, que
descrevia um semicírculo, estacou o seu animal e, de espada desembainhada, bradou: –
Amigos! Estão, para sempre, quebrados os laços que nos ligavam ao governo
português! E viva o Brasil livre e independente!, gritou D. Pedro. Ao que,
desembainhando também nossas espadas, respondemos: – Viva o Brasil livre e
independente! Viva D. Pedro, seu defensor perpétuo! E bradou ainda o príncipe: – Será
nossa divisa de ora em diante: Independência ou Morte! Por nossa parte, e com o mais
vivo entusiasmo, repetimos: – Independência ou Morte!”

Em seu relato, o padre Belchior também narra esse segundo momento do histórico
episódio, embora com mais detalhes do que a descrição do Cel Marcondes.

Neste 7 de Setembro, milhões de compatriotas certamente estarão nas ruas. Há
uma grave crise em curso no país. Ameaças explícitas – e outras difusas – rondam a
nação. A liberdade e a democracia que, ao longo da história, tanto defendemos como
essenciais à vida em sociedade, estão sob o ataque de um inimigo traiçoeiro que usa
conhecidas ferramentas, típicas de regimes autoritários, para suprimi-las. Pátria, Povo,
Liberdade e Soberania são quadrigêmeos inseparáveis. E comemorar a nossa data
magna é um dever de todo cidadão brasileiro, assim como lutar – sempre e muito –
pela preservação dos valores éticos, cívicos, morais e religiosos, sob os quais nossos
antepassados edificaram a PÁTRIA AMADA, BRASIL.

“…OU FICAR A PÁTRIA LIVRE OU MORRER PELO BRASIL.”

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*o autor, 84 anos, é professor, historiador e oficial da reserva do Exército. É fundador e
Patrono do Conselho Nacional de Oficiais da Reserva. Presidente da Liga da Defesa
Nacional/RJ e do Conselho Deliberativo da Associação Nacional dos Veteranos da FEB.
É membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, da Academia Brasileira
de Defesa e do Instituto Histórico de Petrópolis.

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